talvez pudesses ser meu amigo
e conversaríamos
sobre política, arte e religião.
talvez
talvez nos entenderíamos
mas ainda
ainda
ainda que fosses perfeito
de papel e pólvora não és feito.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
domingo, 2 de outubro de 2011
um guarda roupa metafísico
combino roupas
como faço rimas
troco sapatos
como alterno
metonímias
todos vestem poesia
e poesia tá na moda.
como faço rimas
troco sapatos
como alterno
metonímias
todos vestem poesia
e poesia tá na moda.
foi-se a quarta carteira
O tectec dos trilhos de trem
Hão de atropelar alguém
O chiado da chaleira
De segunda a sexta feira
Tudo ao mesmo
tempo e a falta
desse tempo
"Faça agora,
sem demora"
"Faça agora,
não descansa!"
O fato que pressiona
pressiona a mim também:
o problema é a cobrança,
e cobrança vai e vem.
Hão de atropelar alguém
O chiado da chaleira
De segunda a sexta feira
Tudo ao mesmo
tempo e a falta
desse tempo
"Faça agora,
sem demora"
"Faça agora,
não descansa!"
O fato que pressiona
pressiona a mim também:
o problema é a cobrança,
e cobrança vai e vem.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
algum poeminha qualquer
cruz de lata prateada
de metal envelhecido
a matéria oxidada
teve preço merecido
ressaltou a condição:
sepultar um mau ladrão
que por pecado cometido
foi, logo de cara, ao chão.
Deus condena,
cobra a pena.
armamento:
catavento.
Antes de propor redenção,
vem de cara a extrema-unção.
de metal envelhecido
a matéria oxidada
teve preço merecido
ressaltou a condição:
sepultar um mau ladrão
que por pecado cometido
foi, logo de cara, ao chão.
Deus condena,
cobra a pena.
armamento:
catavento.
Antes de propor redenção,
vem de cara a extrema-unção.
sábado, 27 de agosto de 2011
poesia do contentamento
Quero lançar minhas palavras mais bonitas à dona dos cachos mais bonitos;
ao vento não.
Quero uma penca de romances bem marcantes, bem reais, bem excitantes;
convento não.
Quero todos meus desejos realizados, sentimentos declarados ou do contrário:
contento-me não.
ao vento não.
Quero uma penca de romances bem marcantes, bem reais, bem excitantes;
convento não.
Quero todos meus desejos realizados, sentimentos declarados ou do contrário:
contento-me não.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
a elegia do olhar
Um trilho metafísico de trem
Galgando onomatopeias
Tun ti tun ti tac tec tun
Dissipando-se a o l o n g e
Recebendo/Dando espaço
TECTECcomprimindoTECTEC!...
As casas entre tijolinhos
E os barulhinhos...
E os estalinhos...
E os ruidinhos...
Galgando onomatopeias
Tun ti tun ti tac tec tun
Dissipando-se a o l o n g e
Recebendo/Dando espaço
TECTECcomprimindoTECTEC!...
As casas entre tijolinhos
E os barulhinhos...
E os estalinhos...
E os ruidinhos...
poesia escrita enquanto olhava meu isqueiro de veneza
Queimei meu futuro
Com o isqueiro que meus pais me deram.
Prateado, brilhava o gravado em italiano: Venezia
A qual, para mim, cheirava a querosene.
Não conheci a Europa:
Mater do meu fogo (produzido na Itália)
O que conheço é o barulho dos canais da mesma Veneza
Cujo som se dá pelo mesmo isqueiro
Quando abro pra acender o meu cigarro;
Quando fecho pra melhor saboreá-lo.
Agora fito meu olho
Mesclar-se com Venezia; desfocado
Não sei se sou eu ou se é o reflexo entorpecido
Sei que a essa altura já perdi tudo:
Dignidade, honra, amor próprio
E o meu último cigarro:
um Camelo fumado pelo vento.
Com o isqueiro que meus pais me deram.
Prateado, brilhava o gravado em italiano: Venezia
A qual, para mim, cheirava a querosene.
Não conheci a Europa:
Mater do meu fogo (produzido na Itália)
O que conheço é o barulho dos canais da mesma Veneza
Cujo som se dá pelo mesmo isqueiro
Quando abro pra acender o meu cigarro;
Quando fecho pra melhor saboreá-lo.
Agora fito meu olho
Mesclar-se com Venezia; desfocado
Não sei se sou eu ou se é o reflexo entorpecido
Sei que a essa altura já perdi tudo:
Dignidade, honra, amor próprio
E o meu último cigarro:
um Camelo fumado pelo vento.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Não acredito em previsão do tempo.
Não acredito em Vinicius de Moraes
Em vivê-lo em cada vão momento
Não acredito, pois, em previsão
do tempo.
Acredito, indesejando em pessimismo
Inscrito na cabeça de quem acredita
Quando o meteorologista diz que chove
à noite.
"- Chove?" Não chove! "- Chove.
Eu vi na previsão!" Ah, meteorologia,
Que não sejas eterna, posto que
é chama.
"Mas que seja infinita enquanto dure."
Em vivê-lo em cada vão momento
Não acredito, pois, em previsão
do tempo.
Acredito, indesejando em pessimismo
Inscrito na cabeça de quem acredita
Quando o meteorologista diz que chove
à noite.
"- Chove?" Não chove! "- Chove.
Eu vi na previsão!" Ah, meteorologia,
Que não sejas eterna, posto que
é chama.
"Mas que seja infinita enquanto dure."
sábado, 18 de junho de 2011
haikai
Numa orgia de cores e sons
Mixam classes. Vejo faces
Pretas, brancas e marrons
Mixam classes. Vejo faces
Pretas, brancas e marrons
"Os japoneses possuem uma forma elementar de arte, mais simples ainda que a nossa trova popular: é o haikai, palavra que nós ocidentais não sabemos traduzir senão com ênfase, é o epigrama lírico. São tercetos breves, versos de cinco, sete e cinco pés, ao todo dezessete sílabas. Nesses moldes vazam, entretanto, emoções, imagens, comparações, sugestões, suspiros, desejos, sonhos... de encanto intraduzível" - GOGA, H. Masuda.
Olhos Verdes, Sangue e Sal
Parte I
Dono de olhos verdes de brilho roubado
Do mar banhado ao sol dourado
De cabelos tão negros com mechas oleosas
Afeitas à maresia e limpezas cabulosas
Tinha o olhar mais bonito de todos os herdeiros
Da segunda geração de barqueiros!
- sem falar dos pescadores,
Crianças, mulheres e seus amores.
De todos os viventes tinha a visão mais invejada
E uma perspectiva agradavelmente desejada:
Via (o mundo) mais colorido
Com a pureza de um recém-nascido
Mas captava para si a tristeza
De atos maldosos e avareza
E nunca, em sua vida que não perecia
Se absteve da culpa que não merecia
Em cada briga, guerra e discussão
Refletia o menino em sua concepção:
“Ee isso acontece apenas com que eu vejo
[que no entanto estava quieto,
Seriam os meus olhos os culpados do desafeto?”
E não querendo ser o culpado por aquilo tudo
Qual seria sua solução: ser cego ou ser mudo?
Pensando na dor de tudo que seu olhar causava
Não pestanejou em decidir o que necessitava
Nadou até um barco no pier de Bragança
Em cada mão guarando uma lança.
E sem sentir dor e sem ficar agoniado,
Cravou em seus olhos verdes o objeto afiado.
E do barco caiu na água salgada
Enquanto emergia a pele pouco bronzeada.
E a angústia de ver o lado triste de um mundo normal
Acabava naquele momento, com sangue se diluindo no sal
(...)
Dono de olhos verdes de brilho roubado
Do mar banhado ao sol dourado
De cabelos tão negros com mechas oleosas
Afeitas à maresia e limpezas cabulosas
Tinha o olhar mais bonito de todos os herdeiros
Da segunda geração de barqueiros!
- sem falar dos pescadores,
Crianças, mulheres e seus amores.
De todos os viventes tinha a visão mais invejada
E uma perspectiva agradavelmente desejada:
Via (o mundo) mais colorido
Com a pureza de um recém-nascido
Mas captava para si a tristeza
De atos maldosos e avareza
E nunca, em sua vida que não perecia
Se absteve da culpa que não merecia
Em cada briga, guerra e discussão
Refletia o menino em sua concepção:
“Ee isso acontece apenas com que eu vejo
[que no entanto estava quieto,
Seriam os meus olhos os culpados do desafeto?”
E não querendo ser o culpado por aquilo tudo
Qual seria sua solução: ser cego ou ser mudo?
Pensando na dor de tudo que seu olhar causava
Não pestanejou em decidir o que necessitava
Nadou até um barco no pier de Bragança
Em cada mão guarando uma lança.
E sem sentir dor e sem ficar agoniado,
Cravou em seus olhos verdes o objeto afiado.
E do barco caiu na água salgada
Enquanto emergia a pele pouco bronzeada.
E a angústia de ver o lado triste de um mundo normal
Acabava naquele momento, com sangue se diluindo no sal
(...)
poesia surreal
Poesia em trilhos de trem
Conversas onde não há ninguém
Brigas de relho
Em frente ao espelho
Vejo nos olhos teus
q
u
e
d
a
Delírios de Deus
Conversas onde não há ninguém
Brigas de relho
Em frente ao espelho
Vejo nos olhos teus
q
u
e
d
a
Delírios de Deus
sexta-feira, 17 de junho de 2011
soneto do ocaso
São riscos (de mel)
Dó, ré, mi bemol
Desenhados no sol
São gemidos no céu
Amantes no motel...
Cavalos de um carrossel
Uma guitarra em rock'n'roll
O que vejo; o que sou
Vejo uma noiva e seu anel
Agradando o seu véu
Lá vem o noivo - sou eu!...
E ainda no sol-se-pôr
Vejo o rosto meu
No céu mudar de cor.
Dó, ré, mi bemol
Desenhados no sol
São gemidos no céu
Amantes no motel...
Cavalos de um carrossel
Uma guitarra em rock'n'roll
O que vejo; o que sou
Vejo uma noiva e seu anel
Agradando o seu véu
Lá vem o noivo - sou eu!...
E ainda no sol-se-pôr
Vejo o rosto meu
No céu mudar de cor.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Aurora
Aurora sai correndo na Rua e encontra Rafael caminhando com passos longos e rápidos. Ele leva consigo uma trouxa com seus pertences.
AURORARafael! Rafael!
É ignorada. Ela tenta puxá-lo pela mão.
AURORARafael!
RAFAELO quê?!
O menino pára irritado e vira-se. Pausa dramática.
AURORAAonde você vai?
RAFAELProcurar meu sol.
Havemos de amanhecer.
Ele se vira e continua o caminho. Aurora continua indo atrás dele.
AURORAO que aconteceu com você?É ignorada.
AURORACadê seu brilho, Rafael?!
RAFAELPra que brilhar se não há um
sol pra nos dar a luz?!
Ele se vira e segue seu rumo deixando Aurora para trás, que por sua vez tem um insight e corre de volta para sua casa.A medida que passa a rua seus vizinhos vão para fora e observam a menina passar.
Aurora é meu segundo roteiro de curta metragem que está sendo produzido pelo 3º Batalhão em parceria com Canjica Filmes e apoio da Brun Video Produtora. Conta a história de uma vila do interior que sofre com os efeitos de um inesperado eclipse de seis meses.
O curta será lançado dia 13 de julho deste ano na 5ª Mostra de Curtas da Paz em Santa Rosa, Rio Grande do Sul.
domingo, 12 de junho de 2011
meu tempo é quando
Sempre fui um poeta de gaveta, às margens da literatura popular - marginal. Paralelo à cultura do mercado, rimo o experimental com minha própria consciência; meu ritmo não é de meu poder, posto que é do destino. Vejo o meu redor (como em um script) meio poético. Meu tempo é quando pauso. Vivo em transitividade direta com imposto intransitivo. Sou um amante de Chico Buarque, Vinicius de Moraes e de todo brasileiro. Gosto de pensar que não devo nada a ninguém e que minha única lei é obedecer a lei de Chico homônima ao Blog.
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