sábado, 31 de março de 2012

            Não fui eu que depositei
            A poeira da minha casa
            Na estante.
            Não fui eu que dividi
            Em preto
            E branco
            (as fotos).

            Não herdei as diferenças.
            Não sou filho do meio,
            Não sou o produto,
            Sou mudança
            A nova geração
            Brasileira.

            Ainda que em desespero,
            Exorcizo
            O passado
            E a poeira da minha casa
            Vou varrendo, vou varrendo.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

ouve bem

para G.F.F.


Ouve bem
que eu não quero magoar ninguém:
eu não sou o cara certo
que todo mundo quer por perto.
É tanto defeito
que salta o meu peito
agora.
Eu perco meu isqueiro toda a hora
e não nego:
me entedio mais fácil que me apego!


Eu me rendo a qualquer trova;
Eu prefiro a bossa nova;
Acho morte um papo insano;
Por favor, na minha cova,
quero um verso do Caetano;
E se quiser deitar do meu lado,
sair correndo vida a fora
ou ser meu grande achado,
só ignora
esses detalhes que todo lado ruim tem
que eles ignoram quem me quer também.
Quem me quer tão bem!...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

talvez pudesses ser meu amigo

talvez pudesses ser meu amigo
e conversaríamos
sobre política, arte e religião.
talvez
talvez nos entenderíamos


mas ainda
ainda
ainda que fosses perfeito
de papel e pólvora não és feito.

domingo, 2 de outubro de 2011

um guarda roupa metafísico

combino roupas
como faço rimas
troco sapatos
como alterno
metonímias


todos vestem poesia
e poesia tá na moda.

foi-se a quarta carteira

O tectec dos trilhos de trem
Hão de atropelar alguém
O chiado da chaleira
De segunda a sexta feira


Tudo ao mesmo
tempo e a falta
desse tempo
"Faça agora,
sem demora"
"Faça agora,
não descansa!"


O fato que pressiona
pressiona a mim também:
o problema é a cobrança,
e cobrança vai e vem.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

algum poeminha qualquer

cruz de lata prateada
de metal envelhecido
a matéria oxidada
teve preço merecido


ressaltou a condição:
sepultar um mau ladrão
que por pecado cometido
foi, logo de cara, ao chão.


Deus condena, 
cobra a pena.
armamento:
catavento.


Antes de propor redenção,
vem de cara a extrema-unção.

sábado, 27 de agosto de 2011

poesia do contentamento

Quero lançar minhas palavras mais bonitas à dona dos cachos mais bonitos;
       ao vento não.
Quero uma penca de romances bem marcantes, bem reais, bem excitantes;
       convento não.
Quero todos meus desejos realizados, sentimentos declarados ou do contrário:
       contento-me não.