sábado, 18 de junho de 2011

Olhos Verdes, Sangue e Sal

Parte I


Dono de olhos verdes de brilho roubado
Do mar banhado ao sol dourado
De cabelos tão negros com mechas oleosas
Afeitas à maresia e limpezas cabulosas

Tinha o olhar mais bonito de todos os herdeiros
Da segunda geração de barqueiros!
- sem falar dos pescadores,
Crianças, mulheres e seus amores.

De todos os viventes tinha a visão mais invejada
E uma perspectiva agradavelmente desejada:
Via (o mundo) mais colorido
Com a pureza de um recém-nascido

Mas captava para si a tristeza
De atos maldosos e avareza
E nunca, em sua vida que não perecia
Se absteve da culpa que não merecia

Em cada briga, guerra e discussão
Refletia o menino em sua concepção:
“Ee isso acontece apenas com que eu vejo
                         [que no entanto estava quieto,
Seriam os meus olhos os culpados do desafeto?”

E não querendo ser o culpado por aquilo tudo
Qual seria sua solução: ser cego ou ser mudo?
Pensando na dor de tudo que seu olhar causava
Não pestanejou em decidir o que necessitava

Nadou até um barco no pier de Bragança
Em cada mão guarando uma lança.
E sem sentir dor e sem ficar agoniado,
Cravou em seus olhos verdes o objeto afiado.

E do barco caiu na água salgada
Enquanto emergia a pele pouco bronzeada.
E a angústia de ver o lado triste de um mundo normal

Acabava naquele momento, com sangue se diluindo no sal


(...)

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